Racismo à brasileira
O brasileiro gosta de acreditar que não é
racista. A ideia de que somos
uma combinatória de etnias faz com que nos tornamos uma etnia a
parte. Porém, o racismo
ainda existe no Brasil, ainda que mascarado por outras
formas de discriminação.
Um brasileiro normalmente negará que é racista.
A maioria dos brasileiros acham que existe
preconceito 90%, mas apenas 10% admitem ser preconceituosos.
O sociólogo Floresta Fernandes percebeu já nos anos 60 que
um traço nosso é camuflar a discriminação jogando a culpa em qualquer um e não na gente.
Nossa sociedade teve uma história construída
sobre desigualdades. Por tempo de mais as condições de vida e trabalho a
relação entre as pessoas pareceu clonar o modo de vida que um dia foi
sustentado pela escravidão.
Hoje a genética a biologia já nos informam que
raça não existe, não é possível identificar na natureza humana, diferentes
tipos racial. Ela é antes uma classificação, uma ideia coletiva, mas raça ainda
é um conceito forte. Com rótulo de raça todos se acostumaram a associar
valores, crenças e conceitos usados para discriminar grupos sociais.
Em 1954 o sociólogo brasileiro Oraci Nogueira afirmou que o nosso preconceito racial é
de um tipo particular e geralmente diferente ao de outras culturas. Aqui se cultua um preconceito de marca, que não seria a
mesma coisa do preconceito de origem ativamente realizado em países como os EUA e a África do sul.
Oraci quis dizer que no nosso racismo
conta a aparência, a marca, o contexto e a posição social, não necessariamente com a origem. No Brasil somos tolerantes com às desigualdades, mas somos flexíveis
com as etnias. Em muitos países pessoas com pele clara, mas descendentes de
negros são tratadas como negros. A origem por si só define o lugar que ela
ocupará, pois lá pesa a descendência e não a aparência.
No Brasil as pessoas
têm medo de soar racista. Enfrentamos um tipo de racismo que parece silencioso
e não é admitido publicamente, ele se esconde numa superfície de precária
igualdade. A herança de uma sociedade escravagista e descaradamente
hierarquizada e desigual, grita em nossas veias que é possível sentir as suas
cicatrizes no dia a dia.
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